Pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), da UFSM, lideraram um estudo que descreve um conjunto de novos fósseis. Eles são datados em mais de 237 milhões de anos, entre os quais se reconheceu uma nova espécie de um grupo chave na evolução inicial desses animais. O material foi publicado no periódico Journal of South American Earth Sciences.
O animal, que em vida teria cerca de 1,5 metro de comprimento, foi batizado pelos especialistas de Gamatavus antiquus. A espécie foi reconhecida com base em um dos ossos do quadril, muito característico de um grupo de dinossauromorfos, conhecidos como silessauros.
– É um grupo que até então não tinha sido recuperado em camadas tão antigas de nosso registro – explica Flávio Pretto, paleontólogo do Cappa que liderou o estudo.
– Os dinossauros mais antigos que temos no Brasil têm por volta de 233 milhões de anos, mas sempre suspeitamos que pudesse haver algo nas camadas subjacentes – acrescenta.
Em destaque, o ílio que permitiu caracterizar a nova espécie. Foto: Cappa/UFSM.
Apesar de o material recuperado ser incompleto, a equipe de cientistas conseguiu classificar o espécime como pertencente ao grupo.
– A morfologia do ílio desses animais é bem característica, o que faz com que Gamatavus seja agrupado aos silessauros em todas nossas análises – aponta Rodrigo Müller, coautor do estudo.
Voltaire Neto, da Unipampa, que também participou do estudo, comenta a respeito da semelhança das espécies.
– Nosso novo achado reforça o fato de que essas faunas, de localidades hoje tão distantes, no passado eram muito parecidas – explica Voltaire Neto, da Unipampa.
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Origem do fóssil
Os novos materiais fazem parte do acervo do Laboratório de Paleontologia e Estratigrafia da UFSM, coordenado pelo paleontólogo Átila Da Rosa, que foi responsável por tombar e salvaguardar os fósseis da nova espécie. O fóssil foi coletado pelo professor Leopoldo Witeck Neto em 2003, em um barranco na margem da Rodovia BR-158, em uma localidade conhecida como Picada do Gama, no município de Dilermando de Aguiar. É daí que vem o nome escolhido pelos cientistas para batizar a espécie. Gamatavus antiquus significa “o antigo tataravô do Gama”.
A expectativa dos paleontólogos é agora retornar ao sítio, quase duas décadas depois do achado original, em busca de mais evidências do Gamatavus, ou até mesmo de outros dinossauromorfos que tenham convivido com o animal.
– É um achado tremendamente importante. Mesmo sendo, por hora, um pequeno fragmento, o Gamatavus é uma evidência concreta de que os silessauros, sejam eles dinossauros ou não, estavam por aqui há muito mais tempo do que imaginávamos. É apenas uma questão de tempo, até que mais materiais sejam descobertos. Estamos bastante empolgados com as possibilidades – comemora Pretto.
*Com informações do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica
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